A procrastinação é elemento muito presente em diversas áreas da sociedade, mas evidencia-se, de maneira muito mais latente, nos ambientes acadêmicos. Digo isso pois a procrastinação acadêmica é muito comum, trata-se da tendência de utilizar-se de longos prazos para postergar as atividades pendentes. Explico: A lógica natural das coisas deveria ser entendida da forma: “Preciso estudar” , para isso “preciso de tempo”, logo, se “tenho tempo” então “estudo”. Racionalidade simples e inquestionável.
Entretanto, o que se observa, curiosamente, é a tendência a usar o tempo disponível para fins diversos ao do estudo, sejam eles de caráter altruístico, monetário, organizacional ou fútil. Para determinar tais categorias, temos antes que determinar a definição de tempo livre: Livre, é aquele tempo que não é gasto com atividades necessárias, atividades sem as quais a existência (civil, econômica e física) do indivíduo é prejudicada. Sendo assim, suceder-se à burocracia, trabalhar, higienizar-se quando sujo, são exemplos de atividades necessárias. De tal maneira que o tempo livre é aquele compreendido entre tais atividades e o sono.
Partindo de tal definição, entendemos que a procrastinação advém da ocupação do tempo livre com atividades desnecessárias, ou que não estejam associadas a nenhuma obrigação institucionalizada, promovendo assim o atraso, ou a incapacidade, da realização das outras. Resumidamente: uma inversão de prioridades.
A procrastinação altruística consiste em destinar o tempo livre à filantropia. Monetária, é quando o tempo livre é destinado ao suprimento da ganância, ou seja, gasto com atividades lucrativas extra-profissionais. Organizacional, é quando o investimento temporal se concentra na limpeza de ambientes já limpos, ou na mudança da disposição dos móveis em uma sala, por exemplo. De caráter fútil, é quando o Tempo livre é investido em situações aleatórias, como o uso de redes sociais de maneira compulsiva, ou o puro e simples culto ao ócio.
É sempre bom lembrar, que a procrastinação se materializa quando ocorre o prejuízo das obrigações institucionalizadas. Estas são as obrigações determinadas pelas entidades acadêmicas (ou mesmo por entidades profissionais, legais, etc.). Sendo assim, a procrastinação toma o tempo que deveria ser destinado ao cumprimento de tais obrigações, de forma que uma vez estas cumpridas, não mais caracterizar-se-ia a procrastinação.
A tendência à última hora.
Conseqüência direta da procrastinação é a realização de trabalhos, textos, resumos, enfim, a produção acadêmica apressada, devido à proximidade do prazo de entrega. O interessante deste aspecto, é que mesmo se ocorra a extensão de determinado prazo, haverá a tendência procrastinante. Explico: Se o indivíduo foi induzido a realizar as tarefas na última hora, por causa da procrastinação, ele solicita a prorrogação do prazo final. Em caso de sucesso, o personagem, ao invés de seguir a ordem lógica, procrastina, retornando, assim, à mesma condição inicial.
Essa tendência é explicada pela psicologia como ausência da questão organizacional no gasto do tempo. Ou por transtornos de déficit de atenção. Matérias que não são passiveis de discussão neste recinto.
Conclusão:
Se você procrastina, procure um médico.